o grito
Hoje me deu vontade de gritar!
Não para os imbecis inocentes como eu.
Não para os que trabalham e geram o lucro vasto à corrupção. Nem para os que honram compromissos inúteis que torneiam suas vidas bizarras de bons cidadãos.
Não quero gastar garganta com os que respeitam os humanos irrespeitáveis por suas origens dadivosas mas carater duvidosos.
Não vim inflar os pulmões aos palhaços eleitos ou coronéis jamais depostos. Seria inútil!
Nem inflamarei multidões contra os assassinos sem gravatas, sem moral e sem lei nesse país onde a justiça é uma piada.
De que me adianta falar alto com infelizes atropeladores de ciclistas ou estranguladores de crianças se o que direi ressoará no vácuo de suas mentes doentias que o Estado manterá impune ou punirá sem rigor?
Quero gritar aos que se escondem em suas mansões blindadas, vendo o mundo se deteriorar pelas janelas televisivas entre um click e outro no canal a cabo.
Chamo aos brados pelos que jantam nosso medo com orgulho de poderem pagar por sua ilusória proteção. Dos que desfilam com seus carros do ano sob nosso asfalto de injustiças e rejeitam os pedintes que, mais que dinheiro, pedem atenção.
Eu quero gritar para que os cegos vejam o que os canalhas do Congresso já se ensurdeceram de tanto ignorar. Para que os juristas creiam que leis não existem para serem mudadas mas sim aplicadas. Para que nossos comandantes, na maior parte burramente eleitos, reconheçam o valor de cada voto e façam por merecê-los.
Eu quero gritar para que minhas filhas possam crescer em silêncio. Para que possam admirar o que restar do meu país qdo o último salafrário pegar sua pasta e apagar a luz do Plenário. Para que se orgulhem da verdadeira ordem e que ela seja mais importante que qualquer progresso.
( Carlinha Bassan - 03/03/2011 - Extraído de: http://carlinhabassan.zip.net/ )